Dicas do que você deve fazer desde cedo para educar seu
filho a ser determinado e capaz de conquistar o que ele deseja
Quais são os sonhos do seu filho? Independente da sua
resposta, uma coisa é certa: determinação, foco e disciplina são habilidades
essenciais para realizar qualquer objetivo. São elas que diferenciam aqueles
que se comprometem até o fim dos que desistem no primeiro fracasso.
A psicóloga Angela Lee Duckworth, da Universidade da
Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrou dois indicadores de sucesso na vida
estudantil e profissional: autocontrole (capacidade de controlar impulsos e
emoções) e determinação (capacidade de ter paixão e seguir um objetivo por um
longo período de tempo). Ela descobriu que, sem determinação, é mais difícil
alcançar o sucesso na vida pessoal e profissional, mesmo com talento. “Existem
muitos indivíduos talentosos que simplesmente não vão até o fim com seus
compromissos”, disse na palestra “A chave para o sucesso? Determinação!”.
Veja porque estimular competências como sociabilidade,
curiosidade e dedicação no seu filho. Você deve conhecer histórias de pessoas
que conseguiram superar suas dificuldades com esforço e histórias de pessoas
que tinham tudo para dar certo, mas se acomodaram com o que tinham e não
sonharam alto ou não tiveram disciplina suficiente para chegar lá.
Determinação se aprende
A boa notícia é que todas essas características, como
determinação, foco e disciplina podem ser aprendidas em casa, desde cedo. “A
Educação deve capacitar as crianças para que possam aprender a realizar seus
sonhos”, diz a educadora e doutora em Educação pela PUC-Rio Andrea Ramal.
Mesmo que não possam conquistar os sonhos pelo filho, os
pais podem educar para que ele tenha as melhores condições de conquistá-los,
como ter “um espírito empreendedor, proatividade e capacidade de enfrentar as
adversidades da vida sem desanimar”, descreve Andrea Ramal.
Veja como você pode incentivar no dia a dia o
desenvolvimento de habilidades necessárias para que seu filho conquiste os
próprios sonhos:
Incentive que seu filho tenha sonhos
O primeiro passo para conquistar algo é acreditar que é
possível. Se não, a pessoa desiste antes mesmo de tentar e o sonho não sai do
plano da imaginação. “O sonho é um motivador para os nossos esforços pessoais,
como o estudo”, explica Andrea Ramal, doutora em Educação pela PUC-Rio. “Os
pais não precisam exigir que o filho mude a história do mundo, mas podem
estimulá-lo a ter coragem de sonhar e de pensar grande”, diz.
Muitos pais, por exemplo, tentam convencer o filho de que é
importante estudar para que ele tenha um bom emprego e possa comprar bens
materiais, mas para a educadora, a criança precisa perceber que se estudar vai
ser mais feliz e poderá escolher uma carreira que transforme o mundo. “Cabe aos
pais estimular nas crianças sonhos altruístas e não consumistas”, explica.
Não transfira seus sonhos para seu filho
Muitos pais têm a expectativa de que os filhos realizem
aquilo que eles não puderam fazer por falta de oportunidades. Mas muitas vezes,
os filhos não possuem os mesmos sonhos. “Todos temos frustrações na vida, mas o
pai não pode cobrar que o filho resolva isso por ele”, explica a doutora em
Educação pela PUC-Rio Andrea Ramal. O resultado? Mais frustração. Tanto para os
pais, que não veem seu sonho realizado, quanto para o filho, que se sente
culpado por ter seus próprios sonhos e mais ainda por decepcionar os pais.
Quando os filhos não trilham seus próprios caminhos, seu
processo de desenvolvimento e crescimento pessoal fica prejudicado. “A criança
pode desacreditar em seu próprio potencial em vencer obstáculos e se sentir
insegura”, explica a psicóloga infantil Marta Santos Oliveira.
Converse com seu filho para conhecer o que ele pensa, seus
gostos, suas habilidades e seus sonhos. Assim, é mais fácil respeitar a
individualidade dele.
Estimule o espírito empreendedor e criativo
Digamos que uma criança venha com alguma ideia nova. Se os
pais a ridicularizam dizendo “que ideia besta”, “isso é uma maluquice” ou “isso
você nunca vai conseguir”, estão passando, sem querer, a mensagem de que a
criança não deve ter ideias, porque elas não são boas. Em vez disso, os pais
devem aproveitar a oportunidade para transformar o interesse em aprendizado,
como pesquisar experimentos relacionados na internet. “Isso mostra às crianças
que ter ideias é bom e leva a descobertas de coisas legais”, diz Andrea.
Uma atitude empreendedora é fundamental para quem quer realizar
sonhos. “Alguém com proatividade, capacidade de planejamento, de enfrentar
adversidades sem desanimar tem mais chances de chegar lá”, explica a educadora
Andrea Ramal.
Outra dica é aproveitar as perguntas de seu filho. Em vez de
dar a resposta pronta, que tal estimular que a criança reflita sobre as
possíveis respostas ou propor que descubram juntos?
Não proteja demais o seu filho
Quem ama quer proteger do sofrimento. Isso é natural e
compreensível! Porém, colocar o filho em uma redoma de vidro é tirar a
oportunidade de ele, desde cedo, aprender a lidar de forma positiva e
equilibrada com as frustrações, inevitáveis ao longo da vida. Para que possa
aprender a ser determinado e a não desistir facilmente, a criança precisa
encarar frustrações. Com o apoio dos pais, ela é, sim, capaz de enfrentar
situações como perder um jogo, tirar uma nota baixa ou não ser convidada para
alguma festinha de aniversário. “Se não aprende desde cedo, essa criança pode
se tornar um adulto mimado, egoísta e com dificuldade de perceber a necessidade
do outro”, alerta a psicóloga infantil Marta Santos Oliveira. “Quando tiver sua
vontade contrariada, pode reagir negativamente, com comportamento deprimido e
sofrer por não entender que os outros não estão aí para servi-lo”, diz.
Qual é a postura ideal, então? “Não dourar a pílula. Se o
filho chega com nota baixa e você sabe que ele não estudou, não mascare a
realidade”, explica a doutora em Educação pela PUC-Rio Andrea Ramal. Dizer que
a professora é uma carrasca, que a matéria é chata ou que ninguém consegue
entender esse conteúdo permite que a criança se isente da sua responsabilidade
como aluno.
Os pais devem acolher o filho com afeto e fazê-lo encarar a
realidade. “Os pais devem cobrar dedicação e dizer que acreditam na capacidade
do filho de melhorar, se estudar, claro”, complementa Andrea.
Eduque para o comprometimento
Desistir no primeiro obstáculo impede que se chegue onde se
quer. Explique a importância do comprometimento e da dedicação no dia a dia,
mostrando histórias em que a perseverança fez a diferença – use o exemplo de
ídolos do esporte para mostrar que é o sucesso não cai do céu e é preciso
persistir e superar obstáculos.
Os pais precisam intervir se o filho começa tudo, mas não
termina nada. É comum a criança começar cursos e desistir depois das primeiras
semanas. “É válido que ela experimente coisas diferentes até encontrar algo de
que goste, mas não pode não gostar de nada”, orienta a educadora Andrea Ramal.
Os pais devem escolher as atividades com as crianças – o que também desenvolve
a autonomia e capacidade de fazer escolhas – e combinar metas claras com ela,
como cursar até o fim do semestre. “Isso educa porque faz a criança perceber as
consequências das decisões que toma e a torna mais responsável”, diz Andrea.
Ensine a não ter medo de errar
Jamais reprima algum erro de seu filho. Não diga coisas do
tipo “Como você pôde errar isso na prova?”, “não acredito que você ainda não
entendeu isso” ou outras acusações que fazem seu filho sentir-se menor por
conta das suas limitações. Isso dá a impressão de que ele tem obrigação de
saber tudo – o que não é verdade – e faz ele se acanhar por medo de
represálias, desistindo de tirar suas dúvidas em aula, por exemplo.
O erro não é sinal de falta de talento. Ao contrário, deve
ser visto como uma oportunidade de aprender e acertar na próxima vez. Quem não
lida bem com os erros e frustrações evita situações desafiantes, mais propícias
ao erro, e geralmente não gosta de arriscar e experimentar – duas ações
importantíssimas para o desenvolvimento pessoal e profissional.
O próprio mundo corporativo está transformando sua maneira
de encarar o erro. O lema central das startups, novas empresas de tecnologia, é
“fail fast, succeed faster” (algo como “falhe logo e alcance o sucesso mais
rápido”, em português). “O erro passa a ser o meio para se atingir um objetivo,
faz parte da trajetória para o sucesso”, explica a educadora Andrea Ramal.
Os pais devem entender que o erro é essencial no processo de
aprendizagem e, por isso, evitar broncas e críticas exageradas, mas sem deixar
de cobrar, claro. O ideal é acolher o erro e impedir, por exemplo, que vire
motivo de ridicularização na família. Sempre transmita confiança no potencial
do filho para superar o erro.
Valorize o esforço
Você já percebeu que damos mais valor para nossas vitórias
na medida em que elas exigem esforço e dedicação? Mostre a seu filho que o
esforço traz recompensas!
Uma pesquisa mostrou que o sucesso profissional de alguém
depende de como essa pessoa encara características como inteligência e
criatividade. Foi a conclusão da renomada psicóloga Carol S. Dweck, da
Universidade de Stanford. Se acreditamos que cada um nasce com uma quantidade
fixa de inteligência e criatividade, o fracasso nada mais é do que a
constatação de que não temos esse talento. Esse comportamento faz com que as
pessoas evitem desafios (para continuar parecendo inteligentes), se acomodem e
não lidem bem com críticas e erros.
Se, ao contrário, acreditamos que inteligência e
criatividade podem ser desenvolvidas a partir do esforço, cada desafio será
abraçado como uma chance de aprender coisas novas e o fracasso nada mais será
do que um indicativo de se estar mais próximo do sucesso. “A convicção de que é
possível desenvolver as qualidades desejadas cria uma paixão pelo aprendizado.
Por que buscar o que já é sabido e provado, em vez de experiências que o farão
desenvolver-se?”, escreveu a pesquisadora no livro “Por que algumas pessoas
fazem sucesso e outras não” (Editora Fontanar).
Elogie o esforço do seu filho mesmo que ele não obtenha
sucesso em algo. Se perder uma competição, por exemplo, conversem para
descobrir os motivos da derrota e encoraje-o, explicando que na próxima vez ele
estará mais preparado, se continuar treinando e se esforçando.
Cuidado com frases do tipo “como você é inteligente! Tirou
dez e nem estudou!”. Apesar de parecer um elogio, a criança entende que quem
não se esforça é inteligente. “O ideal é valorizar o esforço, independente do
resultado”, diz Andrea Ramal. “Reconheça o trabalho. Assim você ajudará seu
filho a desenvolver uma mentalidade de autossuperação, a ter persistência e não
desistir quando as coisas não forem bem”, completa.
Cobre na medida certa
Os pais precisam ter cuidado para não cobrar além do que a
criança pode dar. Se a criança não tem facilidade para esportes, exigir
medalhas de ouro só vai trazer frustrações improdutivas. Uma reprovação mal
comunicada pode fazê-la sentir que os pais não gostam dela ou que ela não tem
valor para eles. “Isso resulta em uma pessoa insegura nos relacionamentos, nos
trabalhos”, explica a educadora Andrea Ramal.
Ao mesmo tempo, cobrar “de menos” também é um problema, pois
não estimula a melhorar. Se, por exemplo, seu filho tira uma nota 6 e você
responde “tudo bem, essa matéria é chata mesmo, nem eu conseguia tirar mais do
que isso”, a mensagem comunicada é que ele pode continuar como está. “Só se
esforça quem quer melhorar, se o filho não tem esse estímulo em casa, ele se
acomoda”, diz a educadora.
A exigência na medida certa ajuda a formar uma criança com
boa autoestima e determinada a melhorar, pois ela sabe que deve se esforçar
para conquistar seus objetivos, mas tem o constante apoio dos pais caso falhe.
Texto: Iana Chan
Fonte: Educar para crescer, citado por Escola da Inteligência