Vamos conversar um pouco sobre um assunto que preocupa bastante: a autoestima de nossos filhos. Pode parecer que não, mas faz muita diferença ter ou não autoestima, principalmente quando se trata das crianças e dos adolescentes de hoje. Em formação, eles têm muitas perguntas sobre si e sobre o mundo e nasceram na época em que a tecnologia afasta pessoas robotizadas. Tudo que pensam sobre si refletirá em suas decisões futuras e chega a refletir, inclusive, na aprendizagem e na vida escolar. Some-se a isso a seguinte informação: entre 2002 e 2012, cresceu 40% o número de suicídios cometidos por crianças e pré-adolescentes (10-14 anos) e 33,5% na faixa etária entre 15-19 anos. Além disso, cresce assustadoramente o número de crianças e adolescentes vítimas da depressão. Já aqui no início fica uma pergunta: diante desse quadro, por que tantas crianças estão viciadas em redes sociais?
Prossigamos.
Crianças e adolescentes precisam de alguém que os ajude para que possam enxergar a própria imagem/existência como algo positivo e importante. Assim, é interessante mostrar-lhes o quanto são especiais, o quanto são amados, o quanto têm dentro de si "elementos" que farão toda a diferença, que impactarão esse mundo, a história. Devem trazer a sensação de que eles não são robôs, são uma história a ser escrita.
Construir a autoestima dos filhos é simples: só é preciso lhes dar amor, faço referência ao amor de Coríntios 13, o amor que tudo suporta e que nunca se desfaz. Digo isso porque há muitos pais que tratam seus filhos de forma carinhosa/amorosa de acordo com os resultados que mostram: se forem bem nas notas escolares, no comportamento em casa e na escola. Ao contrário, devemos amá-los de forma incondicional, devemos cercá-los de amor, os braços deverão permanecer sempre abertos. Não significa dizer que perderemos força em nosso papel de corrigi-los, continuaremos sim dizendo "não" e dando-lhes limites sempre que necessário, só não usaremos isso para mostrar-lhes força, como se esse fosse o fundamental papel dos pais na vida de um filho. Aqui cabe uma frase de Augusto Cury, um grande pensador acerca do território da emoção: "Os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o coração".
Na minha caminhada como professor, conheci casos de crianças e de adolescentes que melhoraram muito na escola (e na vida) a partir do momento em que se sentiram acreditados. Precisamos entender que existem mapas bem diferentes na mente de nossos filhos, além daqueles que a Geografia mostra, já ouvi em algum lugar que a distância mais longa que existe é aquela entre a cabeça e o coração; há equações (e inequações) que o coração precisa entender antes de qualquer sentença matemática; o coração que palpita no peito é muito além daquele órgão que se estuda na Biologia. Enfim, seu filho é mais, muito mais que um corpinho. O amor que você tem por ele veio antes de qualquer boletim, antes de qualquer travessura. Seu amor por ele é inegociável. A linguagem do amor será compreendida se estiver codificada em atitudes, amor não se sente por palavras, e sim por atos e gestos.
Quando o filho errar, mostre-lhe o certo pelo diálogo, pelo olhar de amor, pelas palavras de encorajamento. Quando as notas não estiverem boas, diga-lhe palavras de "vai, você consegue. Eu confio", "posso te ajudar?" Li outro dia que a educação tem raízes amargas, mas tem frutos doces. Não se apavore se a árvore não está frondosa, se ameça morrer no calor do verão, na seca no meio do deserto. No momento certo, o fruto vem. Nossa missão é plantar. Conhece algum semeador que maltratou ou pisou a semente momentos antes de semeá-la? Não, certamente não! Quem semeia está cheio de esperança na semente. Acredite, portanto. Crie no seu filho um coração sonhador, capaz de sobrevoar os desafios mais dolorosos da vida. Crie um vencedor (e não há vencedor sem coragem para lutar, encoraje-o!).
Dói quando encontro crianças e adolescentes que não regam sonhos, que não estão preparados para conquistar mundos e desbravar fronteiras. As salas de aula das escolas estão lotadas de crianças e jovens sem sonhos, que vivem diante de uma fatalidade, como se não tivessem nenhum papel aqui nesse mundo, como se todo mundo fosse robô, vivem um infinito "talvez, quem sabe". Sempre ouvi minha mãe dizer que o bem de maior valor que os pais deixam com os filhos é a educação/o estudo; com isso concordo, mas é preciso enxergar a educação muito além das disciplinas escolares. As maiores disciplinas que a vida exige não cabem e nunca caberão num boletim, serão gravadas na existência.
A educação começa no coração. Que nossos filhos, ao nos olharem, vejam pontes e não muros. Que venha sobre nós uma tempestade de sabedoria.
Um grande abraço. A gente se fala por aqui.
Elias de Lima Neto/SOE
Para reflexão, fica este curta-metragem. Ele é uma amostra de que podemos impulsionar nossos filhos. Nossa forma de "desenhá-los" pode criar em torno deles uma moldura ou, simplesmente, encaminhá-los a fim de que tenham asas e visão de águia.
Crédito do filme: Márcio Ramos
Dica de livro:
O que as crianças realmente querem que o dinheiro não compra, de Betsy Taylor.
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